Em ABRIL foi "Um Poema No Meu Chá"

Durante o mês de ABRIL, a Biblioteca Escolar Salvador Dias Arnaut tornou-se uma Casa de Chá Cultural. No meio dos livros tomou-se o sabor do chá e dum poema.

Os portugueses foram o primeiro povo europeu a conhecer o uso do chá quando chegaram ao Japão em 1560, e, a partir do grande entreposto comercial de Macau, foram os primeiros a comercializá-lo na Europa, apesar de apenas por um breve período. Em português a palavra chá deriva directamente do cantonês e mandarim, que significa apanhar, colher.
 








José Carlos Teixeira, professor
NOITEs em claro
São altas horas da noite
E cá ando eu às soltas,
Por entre o real e o sonho,
Às voltas e reviravoltas.
… E a revolta parada no tempo!
Roído de inveja por dentro
Por não serem apenas noites
As noites de um poeta!
Não, não é nenhum lamento!
As viagens sem ir nem vir,
Os platónicos encontros
E os reais desencontros
Acabam por me desmedir…
E enquanto não amanhece
E o esmorecer não acontece
Há que fruir.
… Quando o silêncio desacalma,
O prazer de desviver
Esbarronda-nos a alma.
José Carlos Teixeira  © todos os direitos reservados

SÁBADO À TARDE
 Tarde de sábado soalheira,
Início de primavera desejada e rotineira.
Saio de casa com a esperança no bolso
De onde me sai um arco-íris arguto
E me conduz liberto, mas seguro.
Chego à esplanada, procuro mesa e sento-me.
Num frenesim desmedido saracoteio,
Reclino-me na cadeira
Abro o livro e leio.
Faço o meu pedido, olho em redor a contemplar…
Abstraio-me e devaneio.
Chega o meu café, ignoro-o…
Viajo no espaço e … Resolvo “aterrar”.
O café arrefeceu! Fiquei exangue!
Pego na colher e sem o açúcar colocar
Mexo-o. Pego na chávena e dum só golo
Bebo-o. ‘Não me fez sangue’!
Que desconsolo!
Na mesa do lado duas beldades conversam!
Tanta beleza e sensualidade perturbam-me!
Não, não falo da leitura!!…
Descaradamente, escuto e olho-as.
Perturbo-as!
Sorrio. Sorrio-lhes! Sorriem-me!
Propositadamente, cumpliciámo-nos
E eu mudei-me para a mesa delas.
Conheciam-me por interpostas pessoas!
Segredaram-me!
Tentámos conversar cheios de proa.
Afagámo-nos com os olhos tensos
E quando a tarde findou
Dissemos: foi um prazer imenso!
Marcámos encontro no silêncio que ficou.
E partimos com um idílio suspenso!
José Carlos Teixeira  © todos os direitos reservados

PAIXÃO CARNAL
 A força do desejo
arrebata-nos a lucidez!
A transparência dos sentimentos
e a doçura dos teus beijos
tiram-me a desfaçatez.
Sôfregos, no acoplamento
o calor do teu corpo no meu
excita, engrandece e dá solidez...
Animalescamente, vivemos o momento
sorvendo até à loucura o apogeu.
Sem movimentos técnicos,
mas coordenados e simétricos
“kizombámos”.
A minha veia jorrou
com elevada jactância
o sémen que em fuga me abandonou.
Para dentro de ti se escapuliu
percorrendo o cerne do teu ser.
No instante seguinte sinto o órgão esvaecer!
Vazio e reduzido o meu corpo se (res)sentiu…
Olhei-te suplicante e a enternecer!
Abraçados com a força dos eunucos
as nossas bocas sugaram-se:
mais os desejos do que os sucos.
E cansados agradecemos
a capacidade de fantasiarmos
apesar dos anos passados.
Apenas com o lençol a esconder-nos
da desvergonha que não tivemos,
com a mão em concha, as vergonhas tapámos!
Como que protegidos agradecemos e…
Viajámos à custa da felicidade
Que voluntária e mutuamente desfrutámos.
E quando regressámos reconfortados,
sentimo-nos prontos para recomeçar
tudo de novo, sem recalcar
nada de velho. Ou nada lamentar…
Foi na reciprocidade do amor
que encontrámos a liberdade do prazer
e o prazer, de viver com prazer o acontecer.
José Carlos Teixeira  © todos os direitos reservados








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