Desabafos Disfarçados de VOZ

É já amanhã a apresentação do livro Desabafos Disfarçados de VOZ, de José Carlos Teixeira.
O autor é professor no Agrupamento de Escolas de Penela. Estudou em Vila Flor, Tomar e Coimbra. Licenciado em Engenharia Química pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Editou Desabafos em Clave de Mi(m), em 2014, e O Tempo à Distância, em 2015.
A apresentação do livro Desabafos Disfarçados de VOZ, de José Carlos Teixeira, será realizada por Joaquim Santos, licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e professor no Agrupamento de Escolas de Condeixa-a-Nova.
Hoje, no Dia Mundial da Terra, um poema sobre o Douro, de José Carlos Teixeira, extraído do livro Desabafos disfarçados de VOZ:

DOURO

Neste Douro de deslumbre
Onde embebedo corpo e alma,
O corpo, nos manjares que abundam,
A alma, na beleza que no silêncio me acalma.
Douro, que me douras o Sabor
Socalcos e margens pelo rio refletidos,
Raios de sol pelas águas refratados
E videiras enraivecidas pela cor;
Quintas e solares na paisagem tatuados,
(Uma aguarela Torguiana multicolor)
No rio, tenso e calmo, narcisados.
Douro rio, e região, como te admiro!
Nunca me canso de te olhar:
Em qualquer miradouro de que te miro
Fecho os olhos e sinto-me levitar.
Neste encanto que me encanta e excita
Sentir-te próximo: desenfada,
Adoça, alenta e ressuscita.
Quando de ânimo debilitado
Resolvo vir e visitar-te
Vou à procura das últimas vontades…
Encontro-as e vou-me reconfortado.
De tanta beleza, mistério e magia
Sou testemunha, vou testemunhar,
Sentar-me no banco dos réus
Vou ouvir, falar e responder em sintonia
E convencer as incertezas dos incréus.
Neste recanto da Terra encantado
Paraíso emoldurado por montanhas
Excessos da natureza sublimados
Bucolismo da terra panorâmica.
Emudecido contemplo a paisagem…
Procuro e consigo o deslumbramento…
Sentimentalmente inibido, pasmo
Surpreendido comigo, … crente
E extasiado, dos sentidos saciado
Deixo a emoção abraçar por cortesia…
Nesta inquietação poética,
Saio em paz a transbordar de poesia!
Mas, sob a minha ética renascido,
Purificado, anestesiado e iludido,
E por uns dias, nas angústias lapidado
Saio à procura, não importa de que acontecido
E sei que posso e vou dormir sossegado.
Douro que tudo doiras em harmonia:
Estas vinhas que a raiva amadurece,
Estes choupos que a febre amarelece,
E as gentes que o outono enternece…
Em suma: És caleidoscópio natural que resplandece.
Já eu
Quando ausente te rememoro
Triste e murcho, tento, mas não te ignoro…
Com promessas vou apaziguando
E da nostalgia, outoniço vou ficando.

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