Imaculada Conceição na História de Portugal

- Imaculada Conceição - 
Padroeira de Portugal, de Espanha e dos EUA
A História de Portugal regista dois momentos altos na recuperação da sua independência: a Revolução 1383-1385 e a Restauração de 1640.
Na Revolução de 1383-1385 destaca-se o significado da vitória alcançada por S. Nuno Alvares Pereira (canonizado pelo Papa Bento XVI, em 2009), em Atoleiros a 6 de abril de 1384 e a eleição do Mestre de Aviz para Rei de Portugal, curiosamente a 6 de abril de 1385. Em 15 de agosto travou-se a Batalha de Aljubarrota, sob a chefia de S. Nuno Alvares Pereira, símbolo da vitória e da consolidação do processo revolucionário de 1383-1385.
No movimento da Restauração destaca-se a coroação de D. João IV como Rei de Portugal, a 15 de dezembro de 1640, no Terreiro do Paço em Lisboa.

A Solenidade da Imaculada Conceição liga estes dois acontecimentos decisivos na História da independência de Portugal e no contexto das Nações Europeias. Segundo secular tradição foi o Condestável S. Nuno Alvares Pereira quem fundou a Igreja de Nossa Senhora do Castelo em Vila Viçosa e quem ofereceu a imagem da Virgem Padroeira, adquirida na Inglaterra. Este gesto do Contestável reconhece que a mística que levou Portugal à vitória veio da devoção de um povo a Nossa Senhora da Conceição.
Aliás, já desde o berço, já aquando da conquista de Lisboa por D. Afonso Henriques, havia sido celebrado um pontifical de ação de graças, em Lisboa, em honra da Imaculada Conceição.
A espiritualidade que brotava da devoção a Nossa Senhora da Conceição foi novamente sublinhada no gesto que D. João IV assumiu ao coroar, nas cortes de 1646, a Imagem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa como Rainha de Portugal.
De tal modo a Imaculada Conceição caracteriza a espiritualidade dos portugueses, que durante séculos o dia 8 de dezembro foi celebrado como Dia da Mãe e João Paulo II incluiu no seu roteiro da Visita Pastoral de 1982 dois Santuários que unem o Norte e o Sul de Portugal: Vila Viçosa no Alentejo e o Sameiro no Minho.
O dia 8 de dezembro transcende o "Dia Santo" dos Católicos e engloba indubitavelmente a comemoração da Independência de Portugal, que o dia 1 de dezembro retoma. O feriado do dia 8 de dezembro é religioso, mas é também celebrativo da cultura, da tradição e da espiritualidade da alma e da identidade do povo português.
O tema da Imaculada Conceição da Virgem Maria é já abundantemente abordado pelos Padres da Igreja. Será o Oriente cristão o primeiro a celebrá-la. Festividade que chega à Europa Ocidental e ao continente europeu pelas mãos das Cruzadas Inglesas nos séc. XI e XII. Vivamente celebrada pelos franciscanos a partir de 1263, será o também franciscano Sixto IV, Papa, que a inscreverá no calendário litúrgico romano, em 1477.
Coimbra tem um importante papel em todo este processo. Em 8 de dezembro de 1854, viverá a Igreja o auge de toda esta riqueza teológica e celebrativa. Através da bula Ineffabilis Deus, Pio IX, após consultar os bispos do mundo, definirá solenemente o dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria. 
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O Santuário de Nossa Senhora da Conceição, em Vila Viçosa, Arquidiocese de Évora, é um dos marcos mais significativos da devoção portuguesa a Maria e à festa da Imaculada Conceição, que hoje se assinala.
Em 1646, depois de assegurada a independência portuguesa de Castela, o rei D. João IV ligou esse feito à intercessão de Maria e consagrou Nossa Senhora da Conceição como padroeira de Portugal. Reza a história que deixou de usar coroa e concedeu uma réplica da sua coroa à imagem que se venera atualmente no Santuário. Este acontecimento está ligado à decisão da Santa Sé em adotar como dogma a imaculada conceição de Maria, em 1854, durante o pontificado do Papa Pio IX. Portugal já era palco de uma discussão ligada à Imaculada Conceição. 
Situado no interior do Castelo de Vila Viçosa, o santuário nasceu graças ao contributo de D. Nuno Álvares Pereira, hoje São Nuno de Santa Maria. Foi esta figura histórica nacional que mandou erguer a Igreja de Nossa Senhora do Castelo e consagrou aquele templo (o santuário primitivo) a Nossa Senhora da Conceição, depois de ter derrotado as forças castelhanas na batalha de Aljubarrota, em 1385. Ele gostava muito de rezar neste local, apaixonou-se por este lugar porque era um apaixonado também por Nossa Senhora, atribuía todas as suas vitórias à sua intercessão. A imagem que se venera aqui foi trazida por ele para Portugal.Um dos momentos mais especiais do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, em Vila Viçosa, foi vivido em 1982, com a vinda do Papa João Paulo II a este local.
Faria sentido que o dia da mãe voltasse a ser assinalado a 8 de dezembro, feriado que celebra a Imaculada Conceição e a sua ligação à História de Portugal. O dia da mãe fez do dia 8 de dezembro um feriado assumido pelas famílias, com uma popularidade enorme e uma dimensão profunda na rede social portuguesa e no viver quotidiano da cidadania.
Numa sociedade muito paternal como a portuguesa, a mãe exerceu sempre o papel da ternura. E Nossa Senhora apareceu associada à figura da mãe, como Mãe de Cristo e modelo para todas as mães.

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