Nadia Murad
O Prémio Nobel da Paz 2018 foi atribuído
a Denis Mukwege, ginecologista congolês, e à iraquiana, Nadia
Murad Basee Taha, vítima dos crimes cometidos pelo Isis, no Iraque. Nádia Murad tornou-se uma ativista
depois de ter sido sequestrada pelas milícias do grupo do Estado Islâmico que
a manteve como escrava sexual. Depois de escrava do Isis, Nadia é Embaixadora
junto da ONU para a Dignidade dos Sobreviventes do Tráfico de Seres Humanos.
Nadia, da comunidade étnica religiosa Yazidis,
tinha 22 anos quando foi sequestrada, na sua aldeia de Kocho, ao norte do
Iraque, em 3 de agosto de 2014. Foi testemunha ocular da morte de seis irmãos
e da sua mãe. Levada para Mosul, com duas irmãs, Nádia passou por todos os
tipos de abuso, a ponto de ser vendida, várias vezes, como escrava. Depois de
três meses, conseguiu fugir. Desde então, Nadia Murad denuncia, com
coragem, as atrocidades realizadas contra o seu povo, levando adiante a sua
batalha para que ninguém sofra tanta violência e seja tratado como
animal.
Os yazidi constituem uma comunidade
étnico-religiosa curda e praticam uma antiga religião sincrética, o yazidismo,
ligada a antigas religiões da Mesopotâmia. A maior parte do povo Yazidi reside
na província de Nínive, no norte do Iraque, cuja capital é Mosul. Acreditam em
Deus como criador do mundo que colocou sob o cuidado de sete “seres sagrados”,
ou anjos, cujo “chefe” (arcanjo) é Melek Taus, o Anjo Pavão. Como
governante do mundo, este Anjo Pavão é a causa de tudo o que sucede de bom e de
mau aos seres humanos. Nas últimas décadas do século XX, os
yazidi, como o resto dos curdos, foram perseguidos e deslocados das suas terras
pelo regime de Saddam Hussein. Após o início da Guerra do Iraque,
a comunidade yazidi sofreu vários ataques por parte de fundamentalistas
sunitas.