Dia Nacional da Cultura Científica

 
O professor José Carlos Teixeira, Engenheiro Químico, do Agrupamento de Escolas de Penela, declamou nas suas aulas um texto de António GedeãoPoema das Folhas Secas de Plátano. Esta iniciativa serviu para lembrar o Dia Nacional da Cultura Científica, criado em 1996, em Portugal, pelo antigo Ministro da Ciência e Tecnologia, José Mariano Gago. Foi escolhido o 24 de novembro para a sua celebração pois foi neste dia (em 1906) que nasceu Rómulo de Carvalho, o professor de Física e Química responsável pela promoção do ensino de ciência e da cultura científica em Portugal. Rómulo de Carvalho foi também poeta, sob o pseudónimo de António Gedeão. O professor José Carlos Teixeira, Engenheiro Químico, do Agrupamento de Escolas de Penela, declamou nas suas aulas um texto de António GedeãoPoema das Folhas Secas de Plátano. 


Poema das Folhas Secas de Plátano
As folhas dos plátanos desprendem-se e lançam-se
na aventura do espaço,
e os olhos de uma pobre criatura
comovidos as seguem.
São belas as folhas dos plátanos
quando caem, nas tardes de Novembro,
contra o fundo de um céu desgrenhado e sangrento.
Ondulam como os braços da preguiça
no indolente bocejo.
Sobem e descem, baloiçam-se e repousam,
traçam erres e esses, ciclóides e volutas,
no espaço escrevem com o pecíolo breve,
numa caligrafia requintada,
o nome que se pensa,
e seguem e regressam,
dedilhando em compassos sonolentos
a música outonal do entardecer.

São belas as folhas dos plátanos espalhadas no chão.
Eram verdes e lisas no apogeu
da sua juventude em clorofila,
mas agora, no outono de si mesmas,
o velho citoplasma, queimado e exausto pela luz do Sol,
deixou-se trespassar por afiados ácidos.
A verde clorofila, perdido o seu magnésio,
vestiu-se de burel,
de um tom que não é cor,
nem se sabe dizer que nome tenha,
a não ser o seu próprio,
folha seca de plátano.
A secura do Sol causticou-a de rugas,
um castanho mais denso acentuou-lhe os nervos,
e esta real e pobre criatura,
vendo o Sol coberto de folhas outonais
medita no malogro das coisas que a rodeiam:
dá-lhes o tom a ausência de magnésio;
os olhos, a beleza.

Mensagens populares deste blogue

Ano Novo - Livros Novos!

99 anos de Saramago - O Início do Centenário

Era uma vez... e Histórias pela Paz