O Halloween e a Escola e a Cultura

 
O Halloween, em relação à cultura portuguesa, é uma celebração pagã importada e divulgada pela Escola, pelos grupos de línguas estrangeiras. Não tem nada a ver com a nossa cultura tradicional.
O Halloween foi surgindo ao longo do tempo a partir de elementos pagãos, principalmente na Irlanda, na França e na Inglaterra, e levadas por comunidades imigrantes para os EUA. A partir daqui, as atuais tradições foram exportadas para outros países.
Os antigos celtas da Irlanda e da Grã-Bretanha, no último dia de outubro, faziam sacrifícios ao deus da morte para propiciar um bom inverno (no hemisfério norte). Esta festa acabou por se encontrar com a celebração cristã de Todos os Santos, que, aliás, está na raiz do próprio termo inglês Halloween: a palavra vem de All Hallows’ Eve, ou seja, Véspera de Todos os Santos.
A solenidade de Todos os Santos foi fixada em 1 de novembro pelo Papa Gregório III, no século VIII – porque esse é o dia da Dedicação da Capela de Todos os Santos, na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Esta comemoração, ao ser celebrada na Irlanda, acabou por receber influências das tradições pagãs celtas.
Mais tarde, o abade Stº Odilo, do Mosteiro de Cluny, no sul da França, instituiu, a 2 de novembro de 998, a celebração dos Fiéis Defuntos.
A Igreja passou então a celebrar o 1 de novembro, para recordar todos os mortos que já estão no Céu, e o 2 de novembro, para recordar os restantes mortos que ainda necessitam de purificação, ou seja, que estão ainda no Purgatório.
E quanto aos mortos que foram para o inferno? Apenas os camponeses católicos irlandeses se preocuparam com isso. Surgiu, então, a tradição entre os irlandeses de andarem a bater panelas pelas ruas na Véspera de Todos os Santos (All Hallows’Eve). A proposta era que as almas condenadas soubessem que não tinham sido esquecidas. Foi assim que, pelo menos na Irlanda, todos os mortos passaram a ser lembrados pelo lado negativo – apesar da Igreja não aprovar estas celebrações populares da véspera de Todos os Santos. Com efeito, não possível oficializar no calendário litúrgico da Igreja um Dia de Todos os Condenados: não faz sentido festejar a condenação de uma alma, que, consciente e voluntariamente, optou por se afastar de Deus eternamente e, por conseguinte, se condenou ao Inferno.
Os séculos XIV e XV foram marcados, na Europa, por repetidos surtos de peste bubónica, a chamada Peste Negra. Devido ao elevado número de mortos, cada vez mais missas eram rezadas no Dia de Finados. Nesse contexto, começaram a difundir-se em França algumas representações artísticas da morte, as designadas Danças Macabras ou Danças da Morte, vulgarmente pintadas nos muros dos cemitérios. As cenas mostravam o Diabo conduzindo uma fila de pessoas, incluindo papas, reis, damas, cavaleiros, monges, camponeses, leprosos, etc., para dentro do túmulo. Essa dança era, por vezes, apresentada teatralmente no Dia de Finados, com pessoas vestidas em trajes que representavam os vários estados de vida medievais.
A partir do século XIX acrescentaram-se ao Halloween elementos de origem celta (abóboras iluminadas)
Não há nada de mal que as crianças se fantasiem, que se vistam de personagens e andem pelas ruas. É uma diversão saudável. O perigo está nas fantasias que glorificam o mal deliberadamente e infundem o medo, ou quando as pessoas pretendem ter poderes especiais através da magia e da bruxaria, mesmo que seja a brincar.

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